Comunicação inclusiva e diversidade religiosa


Nos últimos dias vimos a comunicação da diversidade religiosa ganhar espaço dentro do esporte, quando o jogador Paulinho, da seleção olímpica de futebol, resolveu se comunicar usando como linguagem a sua religião.

Mas a pergunta é: Por que uma ação tão normal, alguém se expressar a respeito da sua escolha religiosa, virou algo tão marcante e comentado? Ainda mais, quando puxando pela memória visual é muito corriqueiro vermos atletas do mesmo futebol, orar ao entrar em campo, fazer sinal da cruz pedindo proteção e apontar o dedo indicador ao céu para comemorar um gol.

Porque o caso do Paulinho é o que nomeamos como diverso, faz parte de um grupo que foi minorizado. Ele faz parte da diversidade que a BlackID trabalha para vermos incluída nas nossas vivências com naturalidade. Observem que as pessoas que possuem a mesma religião do Paulinho, normalmente vivenciam a intolerância religiosa, são estereotipadas, convivem com preconceitos a respeito da sua fé e raramente se sentem representadas em locais de poder, como por exemplo os campos de futebol ou as organizações onde trabalham. Ou seja, são constantemente apagadas, caladas, excluídas, tratadas com intolerância e violência verbal e física.

A comunicação inclusiva ainda caminha a passos lentos quando falamos da diversidade religiosa. Para entendermos, é preciso lembrar que a linguagem inclusiva tem como objetivo fazer com que todas as pessoas se sintam apreciadas e bem-vindas dentro de um diálogo. Ela é realizada sem preconceito e sem estereótipos. Desta forma, sabemos que os ambientes e a linguagem ainda não são inclusivas as pessoas que possuem religião de matriz africana.

E para mudar isso precisamos naturalizar a ação do Paulinho, necessitamos entender que isso não pode ser um ponto fora da curva. Precisamos aproveitar o gesto dele, o posicionamento dele para falar sobre o assunto e para deixar os demais, que compartilham da mesma fé e que não se sentem à vontade para manifestar, se sintam.

A linguagem inclusiva precisa ocupar todos os espaços, do campo de futebol a sala de reunião das empresas, para que todas as pessoas se sintam pertencentes independente da diversidade que trazem: cultural, religiosa, geracional, racial, sexual e tantas outras.

A atitude do Paulinho trouxe mais uma vez o assunto Diversidade & Inclusão às rodas de conversa, além de trazer conhecimento sobre Exu, Oxóssi e outras nuances do candomblé para quem desconhecia. Há matérias em muitos veículos de comunicação explicando a referência do atleta, o gesto após o gol.

A diversidade deve incluir e não moldar, silenciar. Parafraseando a famosa frase, além de convidar para o baile, precisa convidar para dançar e permitir dançar da forma que quisermos, sem julgamentos.

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Renata Camargo
Jornalista graduada pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, possui 25 anos de experiência em comunicação corporativa. Consultora em comunicação inclusiva, pesquisadora e entusiasta do cenário brasileiro de Diversidade & Inclusão com ênfase no papel das empresas e marcas na transformação da sociedade.

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