Até quando vamos nos pautar na exceção?

Hoje, ao responder um reels de uma jornalista e influenciadora fiquei com essa questão em mente. Ela refletia a respeito de individual e coletivo, afirmando que nem tudo é racismo, homofobia, misoginia e que é leviano e muitas vezes cruel e lacrador acusar todo um coletivo, ou seja, um grupo, brancos, héteros, empresários ricos e outros quando algo é levantado nos grupos minorizados.

Com isso, ela afirma que “as vezes” é o indivíduo que se coloca no lugar de vítima e projeta suas frustrações no outro e na realidade a situação nada tinha a ver com as questões de grupos minorizados. Ela inclusive cita o caso Johnny Deep e Amber.  

Eu entendo a linha de raciocínio dela, inclusive porque o incomodo que ela começa a sentir eu, como grupo minorizado sinto, há muito tempo. É desconfortável quando o grupo ao qual pertencemos é estereotipado, atacado, mesmo que esse ataque não seja direcionado a nós diretamente.

 Pessoas brancas começaram a sentir esse desconforto de serem colocadas nesse lugar como coletivo. E nós, grupos minorizados, entendemos bem esse lugar porque nunca fomos individualizados, sempre fomos vistos como um coletivo e fim. Todo jovem negro é marginal e ponto.

Entretanto, a reflexão dela deixa de fazer sentido quando ela traz a exceção como o ponto que deve ser olhado, quando ela diz que como “as vezes” não é racismo, misoginia ou lgbtqfobia devemos parar de apontar de forma tão enfática esses casos, inclusive não apontando o dedo para o outro lado como se todos fossem responsáveis.

Ora, ora., é óbvio que exceções a regra sempre irão existir, mas a regra que devemos combater é que a MAIORIA dos casos é real. O racismo, a homofobia e a misoginia permeiam o nosso cotidiano com violência.

Por que vou perder tempo criando defesas e justificativas  em cima de exceções que ocorrem, como ela bem disse, “ as vezes”, raramente?

No meu ver a parte boa dessa reflexão que ela me levou a fazer é que a branquitude começa a se incomodar em ser tradada como coletivo, bradando pela individualidade.

Branquitude, sejam bem-vindos ao nosso cenário cotidiano e só vamos sair desse impasse se refletirmos juntos, mas com honestidade e sem apelar aos privilégios e as zonas de conforto.

Não é honesto olhar pelo ângulo da exceção.  

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Renata Camargo
Jornalista graduada pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, possui 25 anos de experiência em comunicação corporativa. Consultora em comunicação inclusiva, pesquisadora e entusiasta do cenário brasileiro de Diversidade & Inclusão com ênfase no papel das empresas e marcas na transformação da sociedade.

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