Comunicação Inclusiva na prática

É preciso desnormalizar o que nunca foi normal

Quando falamos que na comunicação inclusiva não cabe se expressar constrangendo, estamos falando do que a Unilever está praticando com a marca Dove.  Há anos que as campanhas da Dove desmistificam os padrões de beleza criados pela indústria e que, muitos acreditam, fazem com que muitas pessoas se sintam excluídas. Agora, a marca dá um novo passo: vai eliminar a palavra “normal”, dos produtos e campanhas, para promover uma “beleza positiva”.

Para praticar a comunicação inclusiva é necessário saber que certas palavras não cabem mais no diálogo. É estar ciente de que a comunicação começa em você, nas suas características, vivências e experiências, mas é processada por outras pessoas cujos conhecimentos e experiências são múltiplos e distintos. Portanto, é muito importante que uma marca ao comunicar respeite identidades plurais para contribuir com um mundo verdadeiramente diverso e inclusivo.

As marcas Dove e Seda mostram esse caminho quando decidem remover a palavra “normal” dos seus produtos e embalagens com o compromisso de combater normas e estereótipos prejudiciais e construir uma definição de beleza mais ampla e abrangente. A segmentação é comum na indústria cosmética, que divide as características de pele e cabelos entre oleosos, secos e “normais”.

Segundo, Sunny Jain, presidente de beauty & personal care da Unilever, claro que remover a palavra “normal” não irá, por si só, resolver o problema, mas é um importante passo nesse sentido.

“Com mil milhões de pessoas usando os nossos produtos de beleza e cuidados pessoais todos os dias, e muitos mais que assistem as nossas campanhas publicitárias, as nossas marcas têm o poder para fazer uma diferença real na vida das pessoas”, afirma Sunny.

Remover a palavra “normal” é um dos passos que a companhia está dando no sentido de desafiar os ideais de beleza restritos, depois de uma pesquisa mundial – a pedido da Unilever junto a 10 mil consumidores em nove países – ter concluído que uso da palavra “normal” para descrever o cabelo ou a pele faz com que a maioria se sinta excluída.

A multinacional compromete-se ainda a não alterar digitalmente o formato, dimensão, proporção do corpo ou cor da pele nas suas campanhas publicitárias e aumentar o número de anúncios retratando pessoas de diversos grupos menos representados.

A BlackID compartilha dessa necessidade de mudança e está aqui para auxiliar empresas e marcas a comunicarem que o “novo normal” nada tem de normal. É novo e pronto porque o passado apenas normalizou o que nunca foi normal.

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Renata Camargo
Jornalista graduada pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, possui 25 anos de experiência em comunicação corporativa. Consultora em comunicação inclusiva, pesquisadora e entusiasta do cenário brasileiro de Diversidade & Inclusão com ênfase no papel das empresas e marcas na transformação da sociedade.

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